terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O que faz mexer os preços do "ouro negro"

Do Diário Económico, por Rui Barroso

"Nas notícias diárias sobre a evolução dos preços do ouro negro são referidas inúmeras razões para o 'sobe e desce' da cotação de petróleo. Mas quais os factores que têm realmente impacto no desempenho da matéria-prima?

"A combinação do PIB mundial, da taxa de utilização da OPEP e do nível de importações de crude dos EUA oferece o melhor modelo para explicar o movimento dos preços do petróleo na última década", referiu o Barclays Capital num relatório. Os analistas do banco fizeram uma análise regressiva às cotações da matéria-prima para aferir os fenómenos com mais impacto no preço. E houve um dado a surpreender os autores do estudo: "Para nossa surpresa (e muito provavelmente para surpresa de muitos investidores), o dólar norte-americano não provou ser estatisticamente significativo no nosso exercício". Existe a convicção no mercado que com a "nota verde" em baixa, o petróleo tende a subir, para descontar o facto dos compradores doutras divisas acabarem por pagar menos pelo barril de crude.

No entanto, apesar da conclusão estatística, o Barclays alerta que os 'drivers' para o preço do petróleo podem "mudar dramaticamente ao longo do tempo devido a alterações no cenário económico e assim como no sentimento de mercado". Apesar da dificuldade da arte de prever as cotações do "ouro negro" os especialistas não têm dúvidas em apresentar a evolução do PIB mundial como o principal factor a influenciar os preços.

Qual o papel da especulação?

Nas subidas do preço do petróleo em 2004 e 2008 foi colocado em causa o papel da especulação financeira na subida do preço do petróleo. Isto porque o fluxo de investimento financeiro poderá ter desvirtuado os preços, relegando para um plano mais secundário a "velha" lei da oferta e da procura. Na altura do pico do preço, em Julho de 2008, o investimento financeiro em matérias-primas, na sua maioria petróleo, rondava os 400 mil milhões de dólares, de acordo com contas do Citigroup. A Agência Internacional de Energia também já defendeu que os preços do petróleo são amplificados pela especulação financeira e que os níveis investidos no crude são excessivos. No pico do preço do petróleo, houve analistas a afirmarem que 60% da cotação correspondia a especulação financeira.

As autoridades estão preocupadas com o papel que o mundo financeiro possa ter no futuro das cotações. Isto porque os economistas alertam que caso o crude suba em demasia a recuperação económica global poderá ser afectada. Para evitar este cenário, a comissão que regula os mercados de futuros sobre o petróleo nos EUA está a tentar limitar o número de contratos que as casas de investimento poderão negociar sobre petróleo. As preocupações também já chegaram a Washington, com congressistas influentes a tentarem aproveitar a reforma do sistema financeiro para travarem o peso da especulação nos preços das matérias-primas."

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