segunda-feira, 8 de junho de 2009

Transportes: Vencedor da guerra com o Governo luta agora contra a crise para sobreviver

Lisboa, 08 Jun (Lusa) - Um dos heróis da greve dos transportadores por causa do preço dos combustíveis há um ano tenta agora sobreviver a uma crise global, com gasóleo mais barato mas também menos produtos para transportar.

"Estamos bastante afogados com a crise que existe porque hoje em dia o combustível está mais baixo mas não ao preço que deveria estar. Vemos fábricas a fechar e há menos produção e nós somos os primeiros a sentir os sinais do mercado", disse à Lusa Silvino Lopes, presidente da Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP), criada há um ano após a greve dos camionistas.

"Enquanto a economia não retomar não vemos o futuro com bons olhos", acrescentou o empresário, que defendeu a isenção do Pagamento Especial por Conta como forma de o Governo ajudar as empresas a ultrapassar a crise, um ano após ter mobilizado o sector contra os elevados preços dos combustíveis.

Como resultado, o país parou entre 09 e 11 de Junho, com estradas nacionais bloqueadas por centenas de pesados de mercadorias, supermercados sem produtos, gasolineiras sem combustíveis a ponto de serem racionalizados pelas autoridades e bombeiros a limitar as saídas de emergência.

Face à instabilidade, vários camiões foram apedrejados e incendiados um pouco por todo o país e um camionista morreu em Alcanena.

Silvino Lopes, agora 33 anos e dono de uma pequena empresa de transportes em Porto Alto (Benavente), foi catapultado para líder de um movimento quase espontâneo que se opunha àquilo que considera ser a apatia da associação do sector.

A primeira etapa, uma reunião no Carregado, juntou duas centenas de empresários. Depois, foram agendadas reuniões nacionais e quando os camionistas pararam, o país parou, obrigando mesmo as forças de segurança a protegerem o transporte de combustíveis prioritários.

"Estava em causa a manutenção das empresas e os postos de trabalho", sublinhou o empresário, que passou cinco dias sem dormir.

Visto por uns como "herói" e por outros "vilão" de um movimento que deixou o país parado, Silvino Lopes recusa contudo quaisquer protagonismos, considerando que apenas foi "um dos interlocutores junto da opinião pública"dos pequenos empresários que, com menos veículos, não conseguiam negociar preços mais baixos e não viam os seus interesses serem defendidos pela ANTRAM (Associação Nacional dos Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias).

Ao fim de um ano, o transportador defendeu que a luta surtiu efeitos.

O Governo veio a implementar medidas desde há muito reivindicadas pelo sector, depois de o primeiro-ministro vir reconhecer o "Estado vulnerável" perante este protesto sem precedentes
Descontos nas portagens à noite, mais formação profissional, descontos fiscais e a majoração das despesas de combustíveis foram algumas reivindicações que o Governo veio dar resposta.

FYC

Lusa/Fim

(Retirado do Site do
Expresso Online)

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