sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Carros de Luxo pagavam favores na “Face Oculta”: Quadros da Galp suspeitos de receberem veículos para ajudar a garantir contratos

Do Site do Jornal de Notícias

"Alegados favores pagos com Mercedes topo de gama

Pouco depois do almoço de 4 de Junho deste ano, o empresário Manuel Godinho recebeu na sua casa de Ovar um vogal do conselho de administração da EDP Imobiliária e Participações, SA, Domingos Paiva Nunes, da melhor maneira possível.

Paiva Nunes tinha à sua espera nada mais nada menos que um potente Mercedes SL 500, matrícula 03-27-SQ. Treze dias depois, foi a vez de António Paulo Costa. À espera deste quadro superior da Petrogal, uma sociedade detida pela Galp, estava um Mercedes CL 65 AMG, matrícula 68-GV-25.

As ofertas de Manuel Godinho seriam a forma de Paiva Nunes e António Paulo Costa se pagarem previamente da influência que viriam a exercer para garantir ao primeiro arguido, junto de empresas do sector empresarial do Estado, a adjudicação de contratos de recolha e tratamento de resíduos produzidos por empresas do Estado ou concessionárias de serviços públicos. A 27 de Maio, os dois gestores haviam almoçado com Manuel Godinho, no hotel Altis, em Lisboa, e exigido, precisamente, "dois veículos automóveis de alta cilindrada e de valor não inferior a 50 mil euros".

A informação consta do despacho judicial que autorizou a mega-operação de buscas realizadas esta quarta-feira, sob a direcção da Polícia Judiciária de Aveiro. Extenso e minucioso, o despacho revela que foi o ex-ministro Armando Vara que apresentou a Manuel Godinho o administrador Paiva Nunes. Este, por sua vez, apresentou-lhe António Paulo Costa, que também é amigo de Armando Vara e que viria a garantir negócios, por exemplo, numa das empresas militares do grupo Empordef.

A leitura do referido despacho judicial é quanto basta para perceber que o empresário Manuel Godinho beneficiou de uma enorme rede de contactos ao mais alto nível, em empresas do sector empresarial do Estado e concessionárias de serviços públicos, que configura uma rede de tráfico de influências e corrupção. Se Manuel Godinho não se coibia de rogar por mais empreitadas, também se mostrava expedito e generoso no pagamento de alegadas luvas. Fosse através de envelopes com elevadas quantias em numerário, fosse mesmo por cheque."

1 comentário: