quarta-feira, 7 de abril de 2010

Aumentos do Preço de combustíveis pode motivar greve ibérica de transportadoras



Do Site da RTP, por Carlos Santos Neves

"A Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP) e a Federação Nacional de Transportadoras de Espanha reúnem-se esta quarta-feira, em Madrid, para equacionar o cenário de uma paralisação transversal à Península Ibérica, em resposta ao aumento de preços dos combustíveis. A estrutura portuguesa admite avançar para um protesto “de contornos iguais aos de 2008”, à falta de um acordo com o Governo.

"Os problemas que assolam os espanhóis, em sede de combustíveis, são exactamente os mesmos que os nossos". É com esta ideia que o secretário-geral da ANTP resume a plataforma comum que poderá levar as empresas de transportes rodoviários de Portugal e Espanha a susterem a circulação de mercadorias na Península Ibérica, numa acção de protesto que causará "grande dificuldade".
"Eles têm uma crise profunda, nós também temos uma crise profunda, embora com contornos ligeiramente diferentes dos deles. Mas eles estão nessa disposição e nesse objectivo de levar a efeito uma paralisação ibérica e aquilataram a possibilidade de connosco engendrarem essa grande dificuldade", indicou António Lóios, ouvido pela Antena 1.

"Se não forem levadas a bom termo as negociações com o Governo, não nos restará outra solução senão chegarmos a essa via que é uma forma de protesto de contornos iguais aos de Junho de 2008", advertiu o dirigente da Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas, que, explicou António Lóios à RTP, "representa fundamentalmente as pequenas e médias empresas do universo dos transportadores", mas também "associados com grande número de veículos".

Negociações com o Governo

A ANTP pretende obter respostas do Governo a um caderno reivindicativo que inclui a contestação ao aumento do preço dos combustíveis e à introdução de portagens em auto-estradas sem custos para os utilizadores (SCUT). O Executivo, sublinhou António Lóios, "manifestou até agora toda a disponibilidade negocial". "Queremos entender que não será necessário chegarmos a extremos, mas não podemos de maneira nenhuma descurar essa possibilidade", reiterou.

"Nós vamos ter essa reunião com o efeito de protelar o mais possível essa forma de luta dos espanhóis, para que possamos dar tempo ao Governo português para connosco acertar todos os pormenores relativos às reivindicações que nós pusemos em cima da mesa nas negociações", adiantou o secretário-geral da ANTP.

Em declarações à agência Lusa, António Lóios, um dos protagonistas dos protestos de 2008, considerou que "não faz sentido que em Portugal o gasóleo já esteja a 1,2 euros por litro quando o barril do petróleo está a 85 dólares. Não faz sentido que os governos, quer o espanhol quer o português, estejam a dar cobertura às empresas petrolíferas". As autoridades de Lisboa e Madrid, reforçou, deveriam "obrigar as petrolíferas a serem honestas na forma como procedem na aplicação dos preços dos produtos petrolíferos".

Números da Autoridade da Concorrência

Segundo o último boletim de acompanhamento do mercado dos combustíveis da Autoridade da Concorrência, a gasolina sem chumbo de 95 octanas comercializada no quarto trimestre de 2009 em território português foi a quinta mais dispendiosa da União Europeia. O documento refere um preço médio de 1,280 euros por litro em Portugal contra uma média de 1,206 euros por litro no conjunto dos 27 países-membros.

Da comparação entre o último trimestre de 2009 e os três meses anteriores resulta que o preço da gasolina de 95 octanas caiu oito cêntimos por litro. Contudo, face ao período homólogo de 2008, subiu 4,5 cêntimos. No que toca ao gasóleo, o boletim da Autoridade da Concorrência sinaliza um recuo de 8,8 cêntimos por litro entre o quarto trimestre de 2009 e o mesmo período do ano anterior. Face ao terceiro trimestre do ano passado, regista-se um acréscimo de 1,3 cêntimos por litro.

Na análise das revisões diárias dos preços máximos da gasolina de 95 octanas, a Autoridade da Concorrência conclui que as petrolíferas Galp, Repsol, BP e Cepsa seguiram as mesmas tendências: em média, os preços foram alterados uma vez por semana."

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